capa_Facebook

A Salto Alto – Entre gentilezas e extermínios

A Salto Alto – Entre gentilezas e extermínios conta a história de sete pessoas sem nada no bolso, mas com o corpo cheio de camadas de liberdade, repressão, valores, colonização e transgressão, que ao terem acesso a uma outra maneira de viver se despem de suas experiências para vestir essa outra realidade. Mas, como a camada mais profunda de si mesmo sempre permanece, o que é visto em cena é um mergulho dos personagens em um ambiente de luxo e ostentação, do qual nitidamente não fazem parte. O espetáculo se desenrola a partir desse tensionamento, entre um ambiente formal e refinado e personagens que carregam em sua essência a irreverência de quem tem que reinventar e ressignificar a vida a cada instante.

A Salto Alto profana a fábula clássica da Cinderela, e aproxima-se da estrutura da crônica argumentativa, tendo como principal crítica a vaidade e o consumismo desenfreado da nossa sociedade. Os arquétipos da fábula, tais como a fada madrinha, a madrasta, as irmãs invejosas, o príncipe, a Cinderela, assim como o grande baile, as badaladas da meia-noite e o sapato de cristal são elementos que atravessam os personagens e todo o espaço cênico e que compõem a crítica social do espetáculo.

A dramaturgia mistura fantasia e sátira, a trama é tecida na linha tênue desse encontro e questiona, através da soberba revelada dos personagens, a busca desenfreada pelos bens materiais, a saciação compulsória dos desejos de consumo e o aprisionamento pelas falsas necessidades. Além de caminhar contra qualquer sentido que resgate o caráter patriarcal do conto clássico, pois faz uma critica à representação frívola da mulher, ao mesmo passo que traz à tona sua independência e força.

A Salto Alto teve como ponto de partida a teoria da Sincronicidade de Carl Gustav Jung. O livro psicanalítico utilizado durante toda a primeira etapa do processo de criação teve a função de suscitar as particularidades dos encontros dos artistas enquanto companhia e revelar os pontos de convergência de seus olhares enquanto desejo de criação. Com uma escolha cênica cuja maior aposta é a coletividade, a teoria de Jung teve o papel de fortalecer as conexões entre os sete artistas, bem como de sensibilizar a percepção para as coincidências significativas que permearam as composições e movimentações em cena. A relação com a teoria da Sincronicidade está presente na estrutura do espetáculo, a partir das camadas de significações e os signos postos em cena.

O espetáculo é o resultado de um longo processo de criação, construído no decorrer de 11 meses. A Salto Alto passou por diferentes etapas, divididas basicamente em três residências: a primeira na Central del Circ em Barcelona, onde a companhia teve um importante processo de qualificação tanto técnico quanto artístico a partir do encontro com renomados artistas do cenário do circo europeu; no Circo Crescer e Viver, onde ficou por dois meses; e, na Escola Nacional de Circo, local onde foi finalizada esta construção. A direção é assinada pelo Circo no Ato e pelo diretor italiano Roberto Magro, com a colaboração de direção do bailarino e performer Gustavo Ciríaco. A direção de cena é da bailarina e preparadora corporal Maíra Maneschy. A Salto Alto conta ainda com importantes profissionais do teatro e da música, como o diretor teatral e dramaturgo Diogo Liberano, na construção dramatúrgica do espetáculo, e a cantora e percussionista Raquel Coutinho, que assina a direção musical.

 

Sinopse

A Salto Alto – Entre gentilezas e extermínios conta a história de sete pessoas que ao terem acesso a uma outra maneira de viver se despem de suas experiências para vestir essa outra realidade. O espetáculo se desenrola a partir desse tensionamento, entre um ambiente formal e refinado e personagens que carregam em sua essência a irreverência de quem tem que reinventar e ressignificar a vida a cada instante. O espetáculo profana a fábula romântica da Cinderela tendo como principal crítica o consumismo desenfreado da nossa sociedade.

Classificação etária: Livre